Brasília tem Cultura Popular

Seu Teodoro Freire

Seu Teodoro Freire foi quem trouxe o bumba-meu-boi para o DF. Um dos primeiros brincantes de Brasília, morreu em 2012 aos 91 anos, mas seu legado continua. Não tem como pensar na cultura brasiliense sem citar o Mestre Teodoro.

Seu Teodoro Freire

A paixão de Teodoro Freire pelo bumba-meu-boi nasceu ainda na infância. O maranhense, nascido na cidade interiorana de São Vicente de Férrea, teve o primeiro contato com a tradição do folclore nordestino aos oito anos. Embora sua mãe o proibisse de assistir às apresentações por medo de brigas nas ruas, ele não resistia e saia de casa às escondidas.

Seu trabalho para promoção da cultura maranhense recebeu o reconhecimento do IPHAN como patrimônio imaterial. Recebeu o título de Comendador da Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura em 2006. Morreu em 2012, aos 91 anos.

Seu Teodoro do Bumba-Meu-Boi’, como é conhecido, não escondia o encanto pela tradição. “Além da família, tenho três paixões na minha vida: o bumba-meu-boi (na cultura), o Flamengo (no esporte) e a Mangueira (no carnaval)”.

Seu Teodoro mudou-se para Brasília em 1962, quando começou a trabalhar na Universidade de Brasília (UnB) como contínuo. Em dezembro do mesmo ano, deu início ao projeto do bumba-meu-boi na cidade. Em 1963, criou o Centro de Tradições Populares, em Sobradinho, cidade localizada a 20km de Brasília, para difundir festas e danças do folclore nordestino.

DEDICAÇÃO – Mas o que tornou seu Teodoro conhecido foi mesmo o bumba-meu-boi, uma espécie de auto que encena o rapto, a morte e a ressurreição do boi. A primeira apresentação foi realizada antes mesmo de ele mudar-se para a capital. “Vim para o primeiro aniversário de Brasília, em 1961. Trouxe o boi para brincar e fiquei uma semana aqui”. Na época, ele foi convidado para trabalhar no Congresso Nacional, mas não aceitou e preferiu começar na UnB no ano seguinte. “Gosto muito de liberdade, de ser bem tratado pelas pessoas. Não se pode comparar a universidade com nenhum lugar do mundo. A educação, o respeito e o companheirismo das pessoas daqui são muito especiais”. O Mestre dedicou mais de 30 anos à UnB e tinha muito amor pela instituição.

Seu Teodoro acordava cedo todos os dias. Às 7h, saía de casa, em Sobradinho, e ia para a UnB. “Não consigo me desvincular da universidade. Vou a locais como o Instituto de Artes (IdA), a Faculdade de Comunicação (FAC) e à Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA) para conversar com as pessoas e saber notícias da UnB”.

Hoje, o Centro de Tradições Populares é comandado por Guarapiranga Freire, um dos filhos do Seu Teodoro.

*Texto de Cristiane Bonfanti, adaptado pelo site após a morte de Seu Teodoro.

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