Francisco Gonçalo da Silva, mais conhecido como Zé do Pife, nasceu em São José do Egito (PE) no ano de 1943. Na sua cidade natal conheceu as bandas de pife (ou bandas de zabumba) e fabricou seu primeiro pife, aos 13 anos, com um talo de gerimum. Aprendeu as primeiras músicas sozinho, sem nenhuma explicação, e não parou mais de tocar.
Foi por iniciativa de seu avô que ele e seu irmão Zeca começaram a sua primeira banda de pife ainda crianças. Os dois irmãos tocavam pife acompanhados de um zabumba, uma caixa, um triângulo e um prato. Essa banda animou festejos populares, datas comemorativas, leilões, procissões e novenas na região de São José do Egito, onde todos ficavam admirados com gente tão pequena fazendo festa.
Depois de adulto, Zé do Pife trabalhou como lavrador em Pernambuco e na Bahia, até mudar-se para São Paulo, em 1973, onde trabalhou na construção do metrô. Lá na construção mesmo ele teve a idéia de fabricar pifes com canos de PVC. A partir daí começou a tocar na capital paulista acompanhando sanfoneiros em forrós e festas particulares. Foi aí que recebeu o apelido de Zé do Pife, fazendo menção ao famoso João do Pife. Apresentou-se nos programas de Raul Gil, Barros de Alencar e Chacrinha; e em um concurso de talentos do Programa Sílvio Santos ganhou primeiro lugar com a música “Chililique”.
De São Paulo, Zé do Pife voltou para Pernambuco e de lá veio morar na capital federal. Há mais de 20 anos mora no Distrito Federal com a família e vive de tocar, fabricar, vender e divulgar o pife.
O Mestre Zé do Pife é parte viva da memória, da cultura e da história brasiliense. Através de seu trabalho, divulga com entusiasmo e carisma a cultura nordestina. Graças à sua alegre e constante vontade de levar o pífano para diferentes lugares de Brasília, esse instrumento popular se tornou conhecido na cidade e tem cada vez mais adeptos.
Zé do Pife conseguiu, do único modo talvez possível para alguém de sua condição e circunstância inicial, alcançar uma nova perspectiva de vida, baseada não mais exclusivamente na necessidade, na busca pela sobrevivência diária, mas na escolha e no prazer (e no risco!). Para ele, cultura é uma espécie de lembrança que a pessoa carrega consigo e “a arte é uma esperteza de Deus; e o homem ainda se diverte”.
Na estrada do Mestre, consagrado pelo povo e pelo Prêmio Culturas Populares e Ação Griô Nacional (MinC), já são dois CDs: “Zé do Pife: de avô para neto” (2008) e “De Brasília a São José do Egito” (2010). Em parceria com a Universidade de Brasília (UnB), Seu Zé ministra desde 2007 oficinas de pífano semestrais, dentro da Universidade. Foi lá que começaram os encontro com as Juvelinas.
Oficina de fabricação de pífanos:
É propriamente o processo de fabricação do pífano. A oficina é ministrada por Mestre Zé do Pife. O processo envolve a identificação e preparação do bambu que será utilizado na fabricação e técnicas de como confeccionar (medir, perfurar, lixar e cerrar) de acordo com o modo tradicional de se fazer um pife. O instrumento geralmente afinado em Sol (tradicional) ou também na nota de preferência pessoal (do,la).